“Ted foi caminhando com Cris ao longo do parapeito olhando para a água lá embaixo. Parou em certo ponto, aos poucos metros das senhoras. Soltou a mão de Cris. Ela percebeu algo diferente na expressão dele e perguntou:
– O que há, Ted?
Seus olhos azul-prateados fitaram os dela. Cris percebeu-lhe a intenção. Ted ia pular.
– Você não precisa fazer isso, sabe? Como seu pai disse, tem de ser uma decisão sua, não uma coisa feita por capricho ou sob pressão.
Ted segurou os ombros de Cris e puxou-a para junto de si, no instante em que um carro passava perto deles. Os olhos refletiam os sonhos secretos do seu coração, e ela compreendeu que o que ele ia dizer era verdade.
– Pois isso é uma resolução minha. Não vou fazer pelo meu pai, nem pelo Kimo, nem por mais ninguém.
Um largo sorriso rompeu em seu rosto…
Em seguida, abraçou Cris e lhe deu um beijo rápido e firme, como um soldado que beija a amada antes de partir para a guerra.
Antes que ela pudesse responder, Ted soltou-a e subiu ao parapeito, os olhos fitos num ponto certo da água profunda, lá embaixo. Sem olhar para trás, flexionou os joelhos e, em silêncio, se lançou no ar pesado e tropical.”
………………………………………………………………………………………………………………………….
“Bastou uma olhada para o pé dele para saberem a resposta. O inchaço não havia diminuído e o vermelhão parecia se espalhar. Ted não respondeu. Todos ficaram aguardando o seu parecer.
Cris interrompeu o silêncio:
– Eu dirijo.
Ted virou-se e encontrou seus olhos claros e seu sorriso sincero.
– Ela não pode dirigir! Protestou David. Ela não sabe. Vai matar todo mundo. Você dirige, Paula?
– Não sei dirigir com câmbio, só hidramático. Além do mais, não enxergo um metro a minha frente sem os óculos, e eu não trouxe.
– Cris, insistiu David, você não pode dirigir, não!
Ted continuou olhando para ela e disse:
– Se você não quiser, não precisa.
Cris inclinou-se para a frente, como se conversasse apenas com Ted, e disse:
– Eu quero. É a minha decisão. Não estou fazendo por vocês, nem pelo meu pai nem por mais ninguém. Estou fazendo por mim mesma.
Um sorriso de compreensão iluminou o rosto de Ted.
– Isso é a sua “ponte”, não é?
– É. E estou disposta a saltar.”
………………………………………………………………………………………………………………………….
“ – Bem, ainda não sei muito bem o que é uma “Coisa de Deus”, mas concordo que a viagem foi ótima para nós duas, falou Cris.
Ela sorriu, mas interiormente sentia que estava falando sério.
– Paula, tem mais uma coisa que eu queria lhe dizer, continuou. Sei que tivemos alguns momentos difíceis durante a viagem e peguei no seu pé, mas estava tentando fazer você se converter.
Paula se remexeu um pouco, meio sem jeito, e Cris continuou:
– Ainda quero muito isso, mas agora sei que a decisão tem de ser sua. É a sua “ponte”. A do Ted foi quando ele pulou e a minha quando eu dirigi o Jipe. Você é que tem de resolver por si, e ninguém pode pressioná-la. Assim prometo não pegar mais no seu pé nas minhas cartas. Mas vou continuar orando.
– Pode escrever o que quiser. Não me importo. Gosto das suas cartas. São sempre interessantes. Como lhe disse em Maui, é provável que você tenha razão no que diz sobre Deus e tudo o mais. É só que sou o tipo de pessoa que tem de concluir as coisas por si mesma.
As duas amigas sorriram e Cris começou a chorar.”
Algumas vezes em nossa vida nos deparamos com momentos difíceis em que temos que enfrentar certos obstáculos para vencer. Esses obstáculos nos ajudam a crescer e evoluir como pessoas e como cristãos também. Todos nós temos ou teremos uma ponte em nossas vidas em que teremos que saltar para alcançar nossos objetivos. Talvez você encontre mais de uma, mas não desanime. Essa ponte pode ser medo ou fobia de alguma coisa, apresentação de um trabalho ou TCC no seu curso, um trabalho novo, uma viagem, ou até mesmo decisões importantes como namoro, noivado, casamento, conversão em alguma religião e batismo. Antes de tomar qualquer decisão pense bem, não se deixe levar por comentários negativos e maldosos, não faça por pressão ou porque as pessoas ao seu redor querem que você faça ou não. Faça por você e somente por você, lembre-se a vida é sua e somente você pode vive-la. E você já descobriu qual é a tua ponte? Está disposto ou disposta a saltar?
Trechos do livro A Ilha dos Sonhos escrito por Robin Jones Gunn.